Quando se trata de câncer de pulmão, a grande recomendação não pode ser outra a não ser parar de fumar. É o que afirma Ricardo Cembranelli, médico oncologista do Hospital Felício Rocho.
No dia 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, o maior alerta diz respeito aos riscos provocados pelo cigarro. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que doenças relacionadas ao tabaco, como os problemas cardiovasculares, são responsáveis pela morte de, aproximadamente, cinco milhões de pessoas ao ano.
E o pior ainda está por vir. De acordo com estatísticas, até 2020,esse número subirá para dez milhões, sendo que 70% das mortes ocorrerá em países em desenvolvimento, como o Brasil. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, OMS, o câncer de pulmão é o tipo de câncer mais incidente no mundo e também o mais letal. São mais de 1.350.000 novos casos por ano, 12,4% do total dos cânceres, com 1.180.000 mortes anuais, equivalente a 17,4% do total dos óbitos com origens oncológicas.
Nos Estados Unidos, a mortalidade por câncer de pulmão é quase a mesma dos cânceres de mama, próstata e cólon somados. Já os países em desenvolvimento apresentam aumento progressivo de incidência, com 50% dos diagnósticos mundiais. O maior fator de risco é, de longe, o cigarro, que apresenta relação com 90% dos casos de câncer de pulmão. Segundo explica Cembranelli, uma pessoa que fuma um maço de cigarro por dia, durante 40 anos, apresenta 20 vezes mais chances de desenvolver o câncer do que uma pessoa que nunca fumou. “Parar de fumar, seja a qualquer tempo, reduz o risco de câncer. Porém, a probabilidade de desenvolver a doença jamais será igual à de uma pessoa que nunca fumou”, alerta o médico.
Fatores de risco
Outro fator de risco é o tabagismo passivo. Pessoas expostas à fumaça de cigarro têm um risco maior de desenvolvimento de câncer do que as outras.
Além de aspectos genéticos variados, a exposição à radiação e toxinas como cromo, níquel e arsênio, comumente encontrados em componentes elétricos, também ampliam os riscos de incidência do câncer de pulmão.
Sintomas
Os sintomas são normalmente tardios, o que ocasiona diagnósticos com a doença em estágios mais avançados. O principal sintoma é a tosse persistente, que ocorre em cerca de 70% dos casos. Outros sintomas comuns são a hemoptise (secreção com sangue), dor torácica, cansaço e algumas manifestações secundárias, em fases mais avançadas, como as dores ósseas.
Diagnóstico
O médico oncologista Ricardo Cembranelli ensina que estudos recentes recomendam a realização de tomografia computadorizada anualmente apenas em pacientes tabagistas, na faixa etária de 55 a 74 anos.
No caso de lesão pulmonar suspeita, o diagnóstico é feito por meio de biópsia.
Tratamento
O tratamento depende do estágio da doença. Apenas 30% dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão estão em fases iniciais no momento em que a doença é descoberta. Nesses casos, a cirurgia, sempre que possível, é o tratamento escolhido.
Nos casos em que não há possibilidade de intervenção cirúrgica, ou nas situações em que o paciente não suporte uma cirurgia, a realização de radioterapia é uma das opções, associada à quimioterapia.
Doenças com metástases – estágio em que o câncer se dissemina para outros órgãos – l são tratadas com quimioterapia e controle dos sintomas.
Estudos recentes demonstram benefícios do uso de imunoterapia, que utiliza o fortalecimento do próprio sistema imunológico para combater o tumor em pacientes com doença já intratável. Esse tipo de tratamento já é utilizado nos Estados Unidos e na Europa, no entanto, ainda não está liberado pelo governo brasileiro.