A relação entre tabagismo e câncer de pulmão

O câncer de pulmão é o terceiro tipo mais incidente no mundo, atrás do de mama e de próstata. Porém, é o que mais provoca mortes por câncer, cerca de 1,5 milhão de óbitos a cada ano, de acordo com dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde. Em relação ao Brasil, números do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que entre os homens o câncer de pulmão é o segundo mais comum e a principal causa de morte por câncer. Já entre as mulheres esse tipo de tumor aparece como o quinto mais frequente e o segundo tipo de tumor que mais mata, ficando atrás apenas do câncer de mama.

A estimativa é que no Brasil surjam 27 mil novos casos de câncer a cada ano. Mas esse número deve estar subestimado, já que nos Estados Unidos são registrados 200 mil novos casos de câncer de pulmão a cada ano. Apesar de a população brasileira ser um pouco menor do que a norte-americana, não há razão para que os números sejam dez vezes menores, segundo o Dr. Jefferson Gross, Diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax do A.C.Camargo Cancer Center, que concedeu a entrevista a seguir:

 

Pergunta: Como tem sido a evolução dos casos de câncer de pulmão?

Dr. Jefferson Gross – Ao analisar as taxas de mortalidade nos últimos anos entre a população masculina nos Estados Unidos, onde há estatísticas mais precisas, veremos que os casos de câncer de estômago, por exemplo, caíram. No entanto, o câncer de pulmão aumentou de forma drástica. Na década de 1930, era praticamente zero. O número de casos foi crescendo, ultrapassou os outros tipos de câncer e atingiu o ponto mais alto na década de 1990. Entre as mulheres, o número de mortes por esse tipo de câncer aumentou principalmente a partir dos anos 1960.

 Cancer Pulmao

Pergunta: Quais as explicações?

Dr. Jefferson Gross – Qualquer número de epidemiologia, tanto de incidência como de mortes por câncer de pulmão tem uma relação estreita com o consumo de tabaco. Sabemos que entre 80% e 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao consumo de tabaco. A partir da década de 1960, as mulheres começaram a fumar mais. Devido aos movimentos feministas, muitas atitudes que eram típicas da população masculina passaram a ser adotadas pelas mulheres. Por isso, elas se tornaram o principal alvo das indústrias de tabaco. Cerca de dez a 20 anos depois, começou a ser registrado um aumento significativo do número de mortes por câncer de pulmão entre a população feminina. É uma doença muito séria não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil e em outras partes do mundo.


Pergunta: Isso significa que é uma doença que pode ser evitada?

Dr. Jefferson Gross – Certamente. Se todas as pessoas parassem de fumar a partir de hoje, daqui a 20 ou 30 anos o câncer de pulmão seria uma doença rara. Infelizmente não é isso o que deve acontecer. Enquanto o número de fumantes tem diminuído em muitos países, na China e na África tem aumentado.

 

Pergunta: Quais as formas de prevenir a doença?

Dr. Jefferson Gross – Existem duas formas de prevenção. A primária, que se resume no fato de a pessoa conhecer os fatores de riscos e eliminá-los, e a secundária, que  significa fazer o diagnóstico precoce da doença.

 

Pergunta: Falando em prevenção primária, quais são os principais fatores de risco?

Dr. Jefferson Gross – Um dos fatores é o aumento da expectativa de vida da população. Sabemos que dois terços dos casos de câncer acontecem depois dos 60 anos de idade. Então, quanto mais as pessoas vivem, maiores as chances de elas terem câncer. Isso não tem como evitar, até porque todos nós queremos viver mais. Porém, um fator de risco que pode ser mudado é o estilo de vida. Hábitos como tabagismo, exposição ao sol, alimentação, etilismo sedentarismo e obesidade contribuem para o surgimento de câncer em geral. Só o tabagismo é responsável por 30% dos casos de câncer, não só de pulmão, mas também de outros tipos, como de boca, laringe, estômago, rim, bexiga.

 

Pergunta: Em geral, as pessoas acreditam que o ato de fumar cigarro é o mais perigoso e que outras formas de consumir tabaco não são tão prejudiciais. O que o senhor tem a dizer sobre isso? 

Dr. Jefferson Gross – É importante deixar claro que qualquer forma de consumo de tabaco está diretamente ligada ao risco de desenvolver câncer, principalmente o de pulmão. Algumas pessoas não fumam cigarro, mas fumam charuto ou cachimbo, e o risco é o mesmo. Uma forma de consumo de tabaco que aumentou muito, principalmente entre os jovens, é o narguilé. Há quem acredite que não oferece risco porque o tabaco é filtrado etc. Isso não é verdade. Essa forma de consumo de tabaco também está associada a doenças. Talvez seja até mais prejudicial do que o cigarro, já que as pessoas ficam várias horas não só inalando o tabaco como também consumindo a fumaça do carvão. Isso se agrava mais ainda nos casos em que se colocam bebidas e outros tipos de drogas para queimar junto com o narguilé. Resumindo, não existe nenhuma forma segura de consumo de tabaco, inclusive a passiva. Todas aumentam o risco do desenvolvimento de câncer.

 

Pergunta: Além de não consumir tabaco, que outro hábito ajuda a evitar o câncer de pulmão?

Dr. Jefferson Gross – A prática de atividades físicas diminui o risco de câncer de mama, de colo e também de pulmão. Uma pesquisa do Ministério da Saúde feita em diferentes capitais mostra o percentual de indivíduos acima de 20 anos de idade considerados insuficientemente ativos, ou seja, que faz menos de 30 minutos de exercícios por dia. João Pessoa, a de maior índice, tem 60% de pessoas insuficientemente ativas. Belém, a de menor taxa, ficou com 30% e São Paulo com 35%. Isso tem a ver com o estilo de vida de cada região e demonstra que precisamos nos preocupar com o nosso estilo de vida. Incluir atividade física regular no dia-a-dia é uma forma importante de cuidar da saúde.

 

Pergunta:  Como está o consumo de tabaco no Brasil?

Dr. Jefferson Gross – Na década de 1980, 30% da população com mais de 15 anos de idade consumia tabaco de alguma forma. Esse número caiu, graças principalmente às campanhas governamentais. Hoje, cerca de 17% da população brasileira é tabagista. Há mais ex-fumantes do que fumantes atualmente. 

Pergunta: Depois que a pessoa já se tornou dependente do tabaco, é possível diminuir as chances de ela ter câncer? 

Dr. Jefferson Gross – Todo fumante deve ser considerado um dependente químico. Tratá-lo tem impacto significativamente positivo. Estudos mostram que os indivíduos fumantes que receberam algum tratamento vivem mais do que aqueles que não receberam nenhum. Uma pessoa que fuma durante muitos anos e deixa o vício demora de 20 a 25 anos para que os seus riscos de ter câncer sejam semelhantes ao de uma pessoa que nunca fumou. Portanto, quanto mais cedo a pessoa parar de fumar, melhor.

 

Pergunta: E quanto à prevenção secundária do câncer?

Dr. Jefferson Gross – O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura. O melhor exame é o de tomografia computadorizada, que permite detectar um tumor no início, quando ainda não causa nenhum sintoma e não aparece na radiografia. Se o tumor for tratado nessa fase, aumentam muito as chances de sobrevida. O problema é que em mais de 80% dos casos, quando é feito o diagnóstico, o tumor está em estado avançado. Isso acontece não só no Brasil como também nos Estados Unidos, onde 56% dos casos de câncer de pulmão são detectados em estágio avançado. De maneira geral, o câncer de pulmão em cinco anos tem 16% de chance de sobrevida. Por isso, é ideal fazer um rastreamento, por meio de tomografia computadorizada, em indivíduos assintomáticos, mas que têm grandes chances de desenvolver a doença.

 

Pergunta:  Quem são essas pessoas? 


Dr. Jefferson Gross – Basicamente são aquelas que estão entre os grupos de risco, com idades entre 55 e 74 anos, fumantes ou que pararam de fumar há menos de 15 anos. O diagnóstico precoce, por meio de tomografia computadorizada do tórax, contribui para reduzir em até 20% a mortalidade por câncer de pulmão.

 
 

Dr. Jefferson GrossDr. Jefferson Luiz Gross – CRM 68099

Diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax

 

Fonte: Accamargo

 

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